terça-feira, 16 de novembro de 2010

A tiara volta ao brasão pontifício

No domingo 10 de outubro foi ostentado pela primeira vez o brasão do Papa Bento XVI com a tiara pontifícia, símbolo exclusivo dos Pontífices. Até então havia em seu lugar uma mitra, símbolo próprio de um bispo. A empresa italiana de bordados de luxo Ars Regia — responsável pela confecção do brasão, bordado no tapete exposto sob a janela em que o Pontífice apareceu — explicou que este fora confeccionado segundo "antiga tradição".

A origem da tiara remonta ao Antigo Testamento. Deus disse a Moisés: "Farás também uma lâmina do mais puro ouro, na qual farás abrir por mão de gravador: 'Santidade ao Senhor'. E atá-la-ás com uma fita de jacinto e estará sobre a tiara, iminente à testa do pontífice. E Arão a levará sobre si. E sempre esta lâmina estará sobre a sua testa para que o Senhor lhe seja propício" (Ex, 28, 36-37). Aarão, irmão de Moisés, é o arquétipo de Sumo Sacerdote e prefigura dos Papas.

A tiara, ou tri-regno (tríplice reinado), consta de três coroas que simbolizam:


1ª) a jurisdição eclesiástica do Papa e o governo temporal sobre os feudos pontifícios;
2ª) a autoridade espiritual acima da autoridade temporal dos reis;
3ª) a autoridade efetiva sobre todos os soberanos, podendo nomeá-los ou depô-los.

Elas também significam o poder máximo na Ordem do Sacerdócio, na Jurisdição Universal e no Magistério Supremo. O cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo explicou ao jornal francês "La Croix" que a decisão de não mais usar a tiara havia sido do próprio Bento XVI, que agora a restaurou: "No dia seguinte ao de sua eleição — testemunhou o Cardeal — ele próprio disse-me que não queria que a tiara continuasse aparecendo, e desejava substituí-la por uma mitra". A restauração foi recebida com júbilo pelos católicos, admiradores dos símbolos da Cristandade.

Marcelo Dufaur

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