domingo, 20 de junho de 2010

Origem cristã do conceito de pessoa

A visão de homem como pessoa é uma criação própria do cristianismo. Não deve, portanto, ser procurada na filosofia grega. Ela é resultado da experiência dialógica na relação entre Deus e o homem. Esta relação implica na decisão e na responsabilidade do ser humano. O ser humano, partindo de uma perspectiva da criação, experimenta que não é objeto de manipulação nas mãos do criador, mas que é vocacionado, convidado a responder ao convite de Deus. O ser humano passa a perceber que é chamado a ser colaborador e parceiro de Deus na realização de seu projeto de amor para a criação.
Em Jesus Cristo, aparecem de maneira especialmente clara o valor, a dignidade e a importância da resposta humana. Toda a vida de Jesus foi vivida na abertura-disponibilidade ao Pai e no amor-serviço aos irmãos. É observando este modo de agir de Jesus que as comunidades cristãs irão percebendo o que significa o valor e a dignidade de cada ser humano concreto. É esta experiência do ser humano como ser de diálogo-relação, que está na base do que a Igreja entende por pessoa.
O significado do termo de pessoa na teologia cristã se confunde conseqüentemente com a definição Trinitária. A utilização de termos parcialmente adequados apontavam para a realidade designada no âmbito da relação e do diálogo. Estes termos de raiz grega (com fundamentos filosóficos) eram insuficientes, porque apresentavam a pessoa de maneira excessivamente exterior e carente de consistência real ontológica. Daí a substituição do termo prósopon pelo termo hipóstasis (suporte) que coloca a Trindade no domínio da realidade objetiva e não da aparência. sendo assim Deus se realiza em três “hipóstases”: Pai, Filho e Espírito Santo, que não são modos de expressão, mas constituem a realidade imanente do Deus-Trindade.

Fr. Welinton Silva, C.Ss.R.