sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A encarnação do Filho de Deus


Já se aproxima a celebração do natal. Isso ao menos se evidencia no movimento econômico de nossas cidades, apesar de toda a crise financeira pela qual o mundo está passando. Nessas últimas semanas, os shoppings e o comércio em geral estão bastante movimentados por ocasião das festas de fim de ano. Afinal isso acontece todos os anos. E todo o ano acontece a mesma coisa. Mas será se nós temos conhecimento daquilo que celebramos todos os anos com tanta avidez?!
Santo Afonso Maria de Ligório, no seu livro Encarnação, Nascimento e infância de Jesus nos diz que “muitos cristãos costumam preparar com bastante antecedência em suas casas um presépio para representar o nascimento de Jesus Cristo. Mas há poucos que pensam em preparar seus corações, a fim que o Menino Jesus possa neles nascer e repousar.”. E é sobre o mistério da encarnação de Jesus Cristo que hoje quero refletir com o amigo leitor.
Sem dúvida alguma, o mistério da encarnação de Jesus é algo muito importante para todos os cristãos e revela a maior prova de amor de Deus a humanidade. Por amor a nós homens, o nosso Criador quis se fazer homem como nós, abstendo-se somente do pecado. Assim São Paulo escreveu aos filipenses: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8).
Não podemos apreender toda a imensidão do mistério da encarnação de Jesus Cristo, porque somos incapazes de compreender a profundidade do Seu amor por nós. Para nos dar testemunho desse amor pleno, Jesus, o filho de Deus-Pai, foi até o extremo. Fez-se homem, colocando toda a sua divindade na nossa humanidade, aceitando viver dentro dos limites da criatura. Assumiu a nossa fraqueza, aceitou os nossos limites, chorou as nossas lagrimas, sofreu as nossas dores e foi assassinado com uma das piores condenações de seu tempo. Ele tudo fez para apresentar-nos o seu louco amor por nós. Mesmo sendo Deus “passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15b).
Após Jesus ter-se feito homem como nós, não podemos mais duvidar do imenso amor de Deus pela humanidade. Depois de tudo nos conceder com a criação e a vida, Ele nos fez a sua imagem e semelhança no amor. Ele nos deu a si mesmo, como prova extrema de seu amor sem ressalvas ou exigências.
O nome Jesus, quer dizer Deus-Conosco, Emanuel. É o Filho de Deus que desceu do céu e se encarnou no seio puro e virginal de Maria para libertar-nos da morte eterna do pecado. Encarnando-se, Jesus fez a nós uma ação incomparável: “porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio” (Hb 2,14).
Pela encarnação de Jesus, somos filhos adotivos de Deus, irmãos de Cristo e herdeiros do céu. “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma Lei, a fim de remir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a sua adoção” (Gl 4,4). Essa é a razão da ação de graças com que o cristão celebra o natal. Toda nossa forma de gratidão é levada àquela gruta de Belém, como a oferta daqueles magos que “ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2,11c).
Voltemos ao ponto de onde iniciei nossa reflexão. Nas palavras de Santo Afonso de Ligório: “sejamos nós desse pequeno número (dos que preparam o seu coração para o nascimento de Jesus): procuremos dispor-nos dignamente para arder desse fogo divino, que torna as almas contentes neste mundo e felizes no céu”. Que Maria receba Jesus em nosso coração hoje, como O recebeu da primeira vez.

Welinton Silva é seminarista redentorista, licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Goiás, Goiânia.
welintonredentorista@hotmail.com