terça-feira, 26 de outubro de 2010

Em ato na USP, Marilena Chaui diz que PSDB foi obsceno ao usar religião na campanha

A filósofa Marilena Chaui disse nesta segunda-feira em ato na USP em apoio a Dilma Rousseff que o PSDB passou do deboche à obscenidade ao empregar motivos religiosos para atacar a candidata do PT.

"O santinho [que liga Jesus a José Serra] é obsceno, pois não tem respeito pelo sagrado. (...) É obsceno politicamente, porque a grande conquista da democracia moderna é a República laica", disse Chaui, que é professora titular da USP e ideóloga do PT.
A filósofa fez também um alerta. Segundo ela, um conhecido "ouviu um diálogo" em que duas pessoas diziam que, no comício de Serra no dia 29, um grupo vestido com camisetas do PT atacaria os militantes tucanos para jogar a culpa nos petistas.

Chaui participou de um "ato suprapartidário" organizado por professores e alunos da USP em apoio a Dilma que contou com a presença de cerca de mil pessoas, entre as quais Celso Antonio Bandeira de Mello, Vladimir Safatle e Antonio Candido, representado por sua filha.

No evento, a principal preocupação manifestada foi com os eleitores de esquerda que pretendem anular o voto.

Antes de Chaui, entre os professores que insistiram na existência de diferenças entre Serra e Dilma, num discurso voltado sobretudo para os defensores do voto nulo, estava o crítico Alfredo Bosi.

Segundo Bosi, está em jogo o confronto entre a consolidação de um projeto de distribuição de renda, com Dilma, e o retrocesso, com Serra. "Nosso voto não é cego, é crítico", disse Bosi. "A confiança e a esperança [na continuidade do projeto de Lula] não nos isentam de continuar lutando."

A socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan Fernandes, num discurso emocionado em que afirmou que o pai gostaria de estar ali, disse ter votado em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno, mas que agora votaria em Dilma.

"Discordo que não existam diferenças nem acho que os dois candidatos sejam farinha do mesmo saco."

UIRÁ MACHADO DE SÃO PAULO