terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Maria, a Imaculada Conceição


Quando falamos da Imaculada Conceição de Maria, fazemos referência a um privilégio que ela recebeu de Deus: ser preservada do pecado original desde a sua concepção. A razão dessa graça dada por Deus a Maria de Nazaré, está na sua vocação por excelência: ser a Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus. E é pelos méritos de Cristo, que Maria foi preservada imune de toda mancha de pecado original (Bv. Duns Scoto).
Na passagem de Lucas, capítulo 1, versículo 28, o evangelista confirma a predileção de Deus por Maria: “Entrando, o anjo disse-lhe:’Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’”. Não há na Bíblia uma afirmação explicita que Maria tenha sido concebida sem o pecado original. Trata-se de uma doutrina que sempre esteve implícita na Fé da Igreja.
Já nos primeiros séculos das comunidades cristãs, temos escritos dos padres da igreja sobre a Imaculada Conceição de Maria. Santo Efrém chegou a afirmar que só Cristo e Maria são limpos e puros de toda e qualquer mancha. No início, quando se formavam as verdades de fé, não foi fácil explicar e tornar aceita essa verdade de fé. Contudo, a reflexão contundente dos padres da igreja e pensadores da época, possibilitou que pudéssemos chegar a essa conclusão.
O pensador franciscano Duns Scoto (+1308) buscou dar uma resposta norteadora para a teologia sobre a Imaculada Conceição de Maria: Maria foi preservada do pecado original em previsão dos méritos de Cristo. Ou seja, se não fosse por essa graça de Deus, ela também teria nascido com a mancha do pecado original. É interessante a conclusão de sua tese: Convinha que Deus fizesse a exceção; podia fazê-la; portanto, a fez!. Isto é, Deus queria, podia, então fez.
A devoção na Imaculada Conceição se fortaleceu a partir do século XV, com o Concílio de Trento. Já em 1476, se celebrava uma festa no calendário litúrgico em sua honra. No ano de 1854, o papa Pio IX (1846-1878) promulgou a definição dogmática da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria (Bula Ineffabilis Deus de 08.12.1854): “Maria foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.
Na definição dogmática, Pio IX diz: “Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isso deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.”.
Maria também não experimentou a concupiscência, isto é, a inclinação ao pecado, que nasce do pecado e ao pecado conduz. Ela é uma nova criatura. Isenta do pecado, têm condições de notar as escravidões às quais estão expostas todas as pessoas que escolhem esse caminho que não conduz a Deus.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressalta que “a graça santificante — concedida à Santíssima Virgem Imaculada numa abundância inaudita e insondável — foi correspondida perfeitamente por Ela a cada momento. Assim, se compreende o que seria a ordem interna, a pureza, a virtude e a santidade de Nossa Senhora”.
Maria é totalmente de Deus. É um modelo a quem devemos imitar. É fonte de santidade para toda a Igreja. Também nós, quando crescemos em graus de santidade, santificamos a Igreja. Maria nos deu Cristo, o salvador, e nós precisamos de Cristo para que se efetive nossa salvação. Tanto em Maria, quanto em nós a mesma graça de Deus atua. Só depende de nossa colaboração na instauração do Reino de Deus. Vivamos, a exemplo de Maria, nossa condição de criaturas humanas em sintonia com a vontade de Deus.

Welinton Silva é seminarista redentorista, licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Goiás, Goiânia.
welintonredentorista@hotmail.com