domingo, 9 de maio de 2010

Difusora Goiânia e Rede Católica de Rádio na cobertura do XVI Congresso Eucaristico Nacional 2010


A Rádio Difusora de Goiânia e a Rede Católica de Rádio estarão na cobertura completa do XVI Congresso Eucaristico Nacional que acontecerá em Brasilia-DF de 13 a 16 de maio. O evento terá como tema Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários e por lema Fica conosco, Senhor! (cf. Lc 24,29).
O Congresso Eucarístico Nacional será o ponto central das celebrações dos 50 anos da Arquidiocese de Brasília, que contarão também com uma retrospectiva histórica dos acontecimentos mais importantes da Arquidiocese como a primeira missa celebrada no marco inicial da construção da cidade em 1957 e o VIII Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 1970.
Durante a 46ª Assembléia Geral da CNBB, realizada em abril de 2008, ao apresentar o tema e o lema do XVI Congresso Eucarístico Nacional, Dom João Braz de Aviz, Arcebispo Metropolitano de Brasília, declarou que, “para a Igreja, a realização do Congresso Eucarístico possibilita uma maior vivência da Eucaristia e é fonte inesgotável para a vida cristã, por isso deve haver um empenho para sua melhor realização”.
A programação do Congresso envolverá atividades de reflexão e estudo sobre temas atuais e relevantes para a vivência do sacramento da Eucaristia, celebrações eucarísticas, adoração ao Santíssimo Sacramento e atividades culturais. Para essa autêntica festa, toda a Igreja é convocada, e o evento deverá contar com a presença de cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos, diáconos permanentes, membros de institutos de vida consagrada, leigos e representantes de todas as dioceses do País.
O Congresso será precedido pela realização da 48ª Assembléia Geral da CNBB, cuja missa de abertura, em 3 de maio de 2010, fará memória da Primeira Missa em Brasília, na Praça do Cruzeiro.
A Arquidiocese de Brasília, responsável pela organização do XVI CEN, vem trabalhando com empenho para providenciar toda a estrutura necessária ao Congresso. Já foram constituídas a Comissão Central e as Comissões Executivas, que trabalham em conjunto com diversos voluntários para a realização deste momento dedicado à celebração do grande dom da Sagrada Eucaristia.
Segundo Dom João Braz, “em nossos trabalhos queremos formar um corpo unido, onde cada parte desse, cada membro, e cada comissão, sejam um corpo vivo, um corpo que faz um trabalho unido a todos os outros. O Congresso Eucarístico deve ser a expressão de um trabalho de comunhão, que tem sua fonte na eucaristia”.
Acompanhe-nos através de uma das emissoras da Rede Católica de Rádio no site http://www.rcrunda.com.br/br/index.php ou pelo site da Difusora Goiânia no http://www.difusora.am.br/ clicando no link "AO VIVO".


Fr. Welinton Silva, C.Ss.R.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Fiéis podem acessar fotos da sagração episcopal de Dom Waldemar, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Goiânia


Todos os fiéis interessados podem ver as fotos da sagração episcopal de Dom Waldemar Passini Dalbello. As fotos estão disponiveis no site 'Flash UCG'. O site pode ser acessado gratuitamente por todos os internautas. Basta copiar o link e colar na barra de acessos da internet. Boa visualização!
O link para copiar e colar é o seguinte: http://www2.ucg.br/flash/Flash2010/Marco10/100319domwaldb.html

HISTÓRIA

Nascido em Anápolis (GO), em 6 de junho de 1966, monsenhor Waldemar Passini Dalbello, pertence ao clero de Brasília (DF). Sua ordenação sacerdotal ocorreu em 3 de dezembro de 1994. Estudou filosofia e teologia no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, Nossa Senhora de Fátima. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), se formou em Engenharia Elétrica. Seu mestrado em Ciências Bíblicas foi feito no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Em suas atividades pastorais ele foi vigário paroquial da paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Brasília; formador e professor de Sagrada Escritura no Seminário Maior Arquidiocesano de Nossa Senhora de Fátima e do curso superior de Teologia para Leigos, da arquidiocese de Brasília; diretor espiritual da Comissão Arquidiocesana da Nova Evangelização [arquidiocese de Brasília]; ecônomo do Seminário Maior de Brasília; vigário paroquial da Paróquia Santíssima Trindade e colaborador junto à Nunciatura Apostólica no Brasil.

Na arquidiocese de Goiânia, ele é atualmente reitor do Seminário Interdiocesano São João Maria Vianney e professor de Sagrada Escritura no Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz. Desde 2008, ele é presidente da Organização dos Seminários e Institutos Filosófico -Teológicos do Brasil (OSIB) no Regional Centro – Oeste e reitor do Seminário Santa Cruz – Ano Propedêutico da arquidiocese de Goiânia.

sábado, 16 de janeiro de 2010

ZILDA ARNS: A MÁRTIR EM DEFESA DA VIDA QUANDO ESTÃO EM EVIDÊNCIA OS MENSAGEIROS DA MORTE


A médica e militante católica Zilda Arns e outros 11 militares morreram no terremoto do Haiti. Falarei sobre o sentido, ou falta dele, da missão brasileira naquele país em outro post. Quero centrar minhas atenções um tantinho em Zilda.
Todos conhecem o formidável trabalho que esta mulher fez à frente da Pastoral da Criança. Uma ação de inequívoco apelo social, mas também de grandeza moral. Em vez de usar as dificuldades da população pobre como matéria de proselitismo, a exemplo de um sem-par de ONGs movidas a vigarice política, Zilda seguia a máxima cristã: deixava-se conhecer pela Palavra, mas também pela obra. A famosa “farinha múltipla” salvou certamente milhares de vidas. Como poderia dizer o grande poeta Bruno Tolentino, não é “mundo como idéia” que faz a realidade; é a realidade que fornece os elementos para que possamos conceituá-la. Zilda, como se diz, metia a mão na massa, trabalhava efetivamente para minorar o sofrimento daquelas pessoas que as esquerdas preferem chamar “os oprimidos”.
Não faz tempo, no surto de boçalidade que volta e meia toma conta do debate, especialmente na nossa gloriosa imprensa, Zilda chegou a ser tratada com certo menoscabo. A médica católica, a trabalhadora incansável em defesa das crianças, cometia dois pecados imperdoáveis para os brutos, para os ignorantes: era contra o aborto e se opunha à aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Em abril de 2008, o Conselho Nacional de Saúde, instância deliberativa do SUS, aprovou a pesquisa. Dos 39 conselheiros presentes, só houve um voto contrário: o de Zilda.
São “brutos” e “ignorantes” todos os que não concordam com o seu ponto de vista? Não! A estupidez está em não reconhecer que a posição da médica — que, sim, de fato, também é a minha — está assentada numa ética muito sólida, que não aceita negociar com a vida humana, qualquer que seja o pretexto. “Mas isso não é negociar etc”. Ok, estamos diante de um bom debate. Neste blog mesmo, como sabem, publico opiniões contrárias à minha, desde que o interlocutor não opte pela demonização do contraditório. É inaceitável, por exemplo, que se tente transformar a divergência num choque de “modernos” e “atrasados”. Porque isso me obrigaria a indagar se matar o feto é “moderno” em qualquer mês de gestação — o nono, por exemplo… Não sendo, o que distingue, essencialmente, o feto do nono mês do feto do, sei lá, segundo?
Bem, não quero retomar aqui, não agora, o longo debate envolvendo esses dois temas. O que pretendo reiterar é que Zilda Arns foi um exemplo notável de coerência, de dedicação à causa dos direitos humanos. Zilda morre, em missão num país paupérrimo, no momento em que as múmias bolcheviques, com o traseiro posto em suas cadeiras e a cabeça voltada para utopias liberticidas, incluem o descriminação do aborto como um dos “direitos humanos” — O QUE É UM ESCÂNDALO —, morre a médica do “passo”, não a do “paço”, para ficar numa distinção de Padre Vieira; morre a médica que caminhava para levar assistência aos necessitados, em vez de se aboletar nos palácios.
Enquanto a esquerda de gabinete celebrava a sua tara pela morte naquele decreto vagabundo, Zilda celebrava a vida no Haiti. Os contrastes são ainda mais evidentes: enquanto ela morreu para dar a vida — e se opunha ao aborto —, outros viveram para matar, consideram o aborto uma redenção e tentam impô-lo à sociedade como medida de mero bom senso. Zilda se torna, assim, simbolicamente, uma espécie de mártir da causa da vida; os promotores do tal decreto se tornam, assim, agentes da morte.
Quando leio o que dizem algumas senhores pró-aborto de um movimento chamado “Católicas Pelo Direito de Decidir”, confesso que sinto certa sublevação estomacal. Em primeiríssimo lugar, quem é católico MESMO sabe que não tem “direito de decidir” sobre essa matéria. Zilda sabia: o ÚNICO caminho é a subordinação à doutrina. Em segundo lugar, as pessoas são livres, aí sim, para renunciar ao catolicismo, que é uma escolha, não uma imposição.
Zilda morreu como viveu: servindo ao próximo, mudando objetivamente a vida das pessoas, atuando em favor dos mais necessitados, sem deixar que as condições as mais extremas abalassem a sua fé, os seus princípios, a sua disciplina católica. Mas não faltará, vocês verão, quem vá buscar ambigüidades em sua atuação, tentando ver uma antítese entre essa abnegação e sua subordinação aos princípios doutrinários da Igreja Católica.
Contradição? Zilda viveu a inteireza da experiência católica: deixou-se conhecer pela Palavra e pelas Obras. Foi, acima de tudo, coerente. E celebramos a sua obra e a sua fé.

REINALDO AZEVEDO

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

STF – NECESSÁRIA REVISÃO por Carlos Alberto Di Franco


A virada do calendário é sempre um convite à reflexão. Muitos leitores, aturdidos com a reiteração dos escândalos que mancham a vida pública brasileira, pedem um balanço do desempenho ético da imprensa. Todos são capazes de intuir que a informação é a pedra de toque do processo de moralização dos nossos costumes políticos.

Um balanço sereno indica um saldo muito favorável ao empenho investigativo dos meios de comunicação. O despertar da consciência da urgente necessidade de uma revisão profunda da legislação brasileira e do sistema político, responsáveis pelo clima de estelionato e banditismo nos negócios públicos, representa um serviço inestimável prestado pelo jornalismo deste país. A imprensa não tem ficado no simples registro dos delitos. De fato, vai às raízes dos problemas.

A imprensa, numa democracia moderna e madura, demanda liberdade para apurar, informar, opinar e denunciar. O próprio presidente da República, em discurso pronunciado na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), afirmou que o seu compromisso com a liberdade de imprensa “é sagrado” e que tem “orgulho”de dizer que a imprensa no Brasil é livre. “Ela apura e deixa de apurar o que quer. Divulga e deixa de divulgar o que quer. Opina e deixa de opinar quando quer”, declarou. A fala do presidente, frequentemente desmentida pelo comportamento autoritário de alguns de seus companheiros, é irretocável.

Os que pregam o “controle social da mídia”-eufemismo para subordinar o livre fluxo da informação aos interesses de grupos organizados que dizem representar a sociedade e estimulam a ingerência do Estado no setor- não têm, de fato, o perfil dos verdadeiros democratas. Na verdade, não há imprensa sem liberdade. E também não há democracia sem imprensa livre.

Por isso, preocupa, e muito, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) julgando inadequado um recurso impetrado pelo jornal O Estado de S.Paulo na esperança de restabelecer a plena liberdade de informação. O STF deliberou apenas sobre a forma do recurso, declarou imprecisão técnica e arquivou o pedido. Prendeu-se aos procedimentos formais. Perdeu, infelizmente, a oportunidade de sinalizar o compromisso da instituição com a liberdade de imprensa e de expressão, valores consagrados na nossa Constituição. O empresário Fernando Sarney, embora ostente o cargo de diretor de um jornal, jogou no lixo seu compromisso com a liberdade de imprensa. Patrono da censura por mais de 150 dias, comunicou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), poucas horas antes do início de recesso do Judiciário, sua desistência da ação contra O Estado de S.Paulo.

Tenho grande respeito pelo Poder Judiciário. Acredito firmemente na retidão de intenção dos ministros do STF. Temo, entanto, que tenham aberto uma avenida para a censura prévia no Brasil, algo que, como é lógico, não estava na mente dos constituintes e muito menos no coração dos brasileiros. Como bem lembrou o jornalista Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do Grupo Estado, “sinalizar ao País que a liberdade de imprensa não é plena trará precedente gravíssimo. (...) Corruptores e corrompidos, governantes que não cumprem metas, organizações que desrespeitam a lei, o meio ambiente e os consumidores: todos terão a chance de encontrar no Judiciário o escudo para esconder da fiscalização do público o que poderia vir a ser de elevado interesse para todos. E quem poderá dizer em que casos a cautela antecipada não se transformará em impunidade pré-adquirida?”, indaga Gandour.

O secretismo de Estado é um perigo para a democracia. O direito à intimidade e a presunção de inocência foram invocados de modo equivocado para justificar a censura ao jornal. Não há sociedade democrática sem informação. Informação ampla, transparente, completa. O direito à intimidade não pode ser um escudo protetor, sobretudo no caso de figuras públicas. Entendo que o direito à intimidade não é intocável. Pode cessar quando a ação praticada tem transcendência pública. É o caso das reportagens do jornal sobre supostas ações da família Sarney.

Acabo de reler um texto belíssimo e de grande atualidade: A Imprensa e o dever da verdade, de Ruy Barbosa. Recomendo-o vivamente a todos os que se preocupam com a ética informativa e as relações entre a imprensa e o poder.

“A imprensa”, dizia Rui Barbosa, “é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam. (...) O poder não é um antro: é um tablado. A autoridade não é uma capa, mas um farol. A política não é uma maçonaria, e sim uma liça. Queiram, ou não queiram, os que se consagraram à vida pública, até à sua vida particular deram paredes de vidro. Agrade, ou não agrade, as constituições que abraçaram o governo da Nação pela Nação têm por suprema esta norma: para a Nação não há segredos; na sua administração não se toleram escaninhos; no procedimento dos seus servidores não cabe mistério; e toda encoberta, sonegação ou reserva, em matéria de seus interesses, importa, nos homens públicos, traição ou deslealdade aos mais altos deveres do funcionário para com o cargo, do cidadão para com o país.”

Pois bem, um abismo separa os ideiais de Ruy Barbosa das tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa e de expressão. Estou certo, amigos leitores, que o Supremo Tribunal Federal, integrado por magistrados dignos, terá a grandeza de rever sua posição. A liberdade de imprensa é um bem que não pode sucumbir ao mero formalismo jurídico.

A todos, um feliz 2010!

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com) e colaborador deste blog. E-mail: difranco@iics.org.br

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

PORNOPOLÍTICA por Carlos Alberto Di Franco


A história mundial está repleta de exemplos inspiradores. E a saga brasileira também. Os defeitos pessoais e as limitações humanas dos homens públicos, inevitáveis e recorrentes como as chuvas de verão, não matavam a política. Hoje, no entanto, assistimos ao advento da pornopolítica. A vida pública, com raras e contadas exceções, se transformou num espaço mafioso, numa avenida transitada por governantes corruptos, políticos cínicos e gangues especializadas no assalto ao dinheiro público.

Quando se pensava que as denúncias de corrupção no Distrito Federal (DF) tinham alcançado um patamar intransponível nos governos de Joaquim Roriz, a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), revela um dos mais bem documentados e abjetos escândalos do gênero no País. O governador José Roberto Arruda, o mesmo que derramou lágrimas de crocodilo ao jurar inocência no caso da violação do sigilo do painel de votações do Senado, volta à cena em grande estilo. Arruda é acusado de chefiar um esquema sistemático de propinas a auxiliares diretos, membros do seu secretariado e deputado distritais.

A sociedade assiste, atônita, ao nascimento do mensalão do DEM. O filme lembra em tudo, até mesmo no uso de cuecas e meias como esconderijo da dinheirama, o até agora impune Mensalão do PT. O PSDB, por outro lado, vive assombrado com o fantasma do seu próprio mensalão. Recentemente, o senador Eduardo Azeredo (PSDM-MG), ex-governador de Minas, virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e vai responder penalmente pela sua suposta participação no valerioduto mineiro.

Alguns, equivocadamente, minimizam a gravidade da corrupção. O Brasil está bombando. O desenvolvimento absolve todos os pecados. O crescimento da economia é uma viseira que impede um olhar mais profundo sobre o país que queremos construir. O custo humano e social da corrupção brasileira é assustador. O dinheiro que desaparece no ralo da corrupção é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora. O fantasma do caudilhismo está aí. A imagem do presidente da República, construída numa impressionante operação de comunicação, não tem precedentes na história das democracias. Lembra, sim, esquemas clássicos de comunicação em regimes ditatoriais. E não se trata, por óbvio, de um plano de comunicação para quem está saindo, mas de uma estratégia de perpetuação no poder. O perigo não é o Lula, mas o lulismo. O culto ao presidente da República não combina com a democracia

A corrupção, independentemente do seu colorido partidário, precisa ser duramente combatida. É ela que alimenta a fome que o presidente da República pretendeu, certamente com boa intenção, combater na alvorada idealista do seu governo. É ela que abandona os idosos que são maltratados nas filas da saúde pública. É ela que empurra a juventude desempregada para o consumo e tráfico de drogas.

No ano passado, matéria da revista Megazine, suplemento para jovens do jornal O Globo, radiografou a imensa frustração da juventude com a política. Desencanto com política era uma das razões apontadas por jovens de 16 e 17 anos que optaram por não votar nas eleições de 2008. O voto aos 16 anos foi uma conquista do movimento estudantil, incorporada à Constituição de 1988. A renúncia ao exercício de um direito, tão imprópria do idealismo juvenil, mostra o grau da frustração adolescente. É um tiro na democracia e uma vitória dos demagogos, dos desonestos, dos oportunistas e dos que vivem de costas para a ética.

“Não quero sujar as mãos. Depois de eleito, o político só faz besteira e o povo se culpa por ter votado nele. Como posso escolher, vou tirar meu título quando for obrigado (aos 18)”, dizia João Gabriel de Souza, então com 17 anos.

Há cinco anos, havia no País 3,6 milhões de eleitores de 16 e 17 anos. Em 2008, o número chegou a 2,9 milhões, redução de 19%. No mesmo período, o eleitorado geral brasileiro subiu de 121 milhões para 130,6 milhões. Quer dizer: a esperança juvenil encolheu. São dados preocupantes.

A imprensa, sem as mordaças que alguns defendem e livre de quaisquer tentativas de cooptação, tem um papel decisivo no processo de recuperação da ética. Denunciar a corrupção é um dever. Mas, ao mesmo tempo, devemos construir uma agenda positiva e apoiar ações afirmativas no campo da ética na política. A Conferência Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB) e outras 40 entidades da sociedade civil se empenharam na coleta de mais de 1,3 milhão de assinaturas para apresentar no Congresso um projeto de lei de iniciativa popular que vete a candidatura de pessoas com ficha suja nas eleições.

O projeto foi protocolado na Câmara dos deputados no passado dia 29. Pelo texto, não poderão concorrer pessoas condenadas em primeira instância, ou com denúncia recebida por um tribunal, por crimes de racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas, além dos candidatos condenados por compra de votos ou uso eleitoral da máquina. Ficam ainda impedidos de concorrer os parlamentares que renunciaram ao cargo para evitar abertura de processo por quebra de decoro –caso, por exemplo, de alguns deputados envolvidos no escândalo do mensalão.

Tais iniciativas merecem destaque e apoio. O veto aos candidatos com ficha suja e o fim do foro privilegiado podem mudar o Brasil.

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia e colaborador deste blog. www.consultoradifranco.com/ E-mail: difranco@iics.org.br

Assessor da CNBB é nomeado bispo para a diocese de Jataí


O subsecretário adjunto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, padre José Luiz Majella Delgado, CSSR, será o novo bispo da diocese de Jataí, no estado do Goiás. O anúncio foi feito pelo papa nesta quarta-feira, 16. Ele vai suceder a dom Aloísio Hilário de Pinho, PODP, que teve sua renúncia aceita pelo papa Bento XVI, por causa da idade, conforme prevê o cânon 401 §1º.
Surpreso e emocionado, padre Majella, como é conhecido, vê sua nomeação como um chamado de Deus e um serviço à Igreja. “Senti que era um chamado de Deus e obedeço. Não sei porque razão o Senhor está me chamando, mas Ele sabe”, disse. “Acolho este chamado também como cruz, porque a cruz é sinal de redenção”.
Padre Majella disse que se inspirou em Josué ao aceitar a nova missão. Josué foi o líder que Deus escolheu para substituir Moisés na condução do povo de Israel para a terra prometida. “Uma figura bíblica que ficou no meu coração foi Josué, quando Deus entregou-lhe o povo de Israel, no lugar de Moisés. Deus disse a Josué, ‘Eu estarei com você seja firme e corajoso. Não tenda nem para esquerda nem para a direita’. É isso que quero fazer: sentar-me no chão para não fazer acepção de pessoas”, contou padre Majella.
Sua ordenação episcopal está marcada para o dia 27 de fevereiro, às 18h, no Santuário Nacional de Aparecida. O bispo ordenante será o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha. O novo bispo terá como lema episcopal: “Servir com amor”.
“Tenho muito a agradecer a Deus por estar na CNBB, que está sendo uma verdadeira escola para mim. Através de minha vida aqui acolho este chamado, este serviço, em total comunhão com os bispos da Igreja”, acentuou.


Biografia

Mineiro de Juiz de Fora, padre Majella, 56, nasceu no dia 19 de outubro de 1953. Aos dois anos, mudou-se com a família para Volta Redonda (RJ). Fez o ensino fundamental em Volta Redonda (RJ) e Aparecida (SP) onde fez também o ensino médio, no Seminário Redentorista Santo Afonso. Na faculdade Salesiana de Filosofia, em Lorena (SP), fez licenciatura em Estudos Sociais e em Filosofia.
Em 1977 fez sua profissão religiosa e iniciou, no mesmo ano, o cursou deTeologia no Instituto Teológico São Paulo (ITESP), concluído em 1980.
No dia 14 de março de 1981, foi ordenado padre, em Volta Redonda (RJ) e, dez anos depois, fez especialização em teologia litúrgica na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Em 2000, foi para Roma onde estudou Espiritualidade Redentorista na Academia Alfonsiana.
Como padre dedicou grande parte de seu ministério ao magistério. Foi professor no Seminário Redentorista de Aparecida; no Centro de Evangelização Missionária, em São Paulo. Foi também superior e diretor dos Seminários Redentoristas em Sacramento (MG) e em Aparecida (SP); secretário da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) no Regional Leste 2 da CNBB; secretário da Associação dos Liturgistas do Brasil; prefeito de Igreja do Santuário Nacional de Aparecida; vigário paroquial em Sacramento e na Basílica de Aparecida; secretário executivo local para a V Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, em Aparecida, no ano de 2007, tornando-se, em seguida, assessor da CNBB.

Fonte:CNBB

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A FORÇA REDENTORA DA BELEZA por Carlos Alberto Di Franco


O papa Bento XVI recebeu recentemente 260 artistas do mundo inteiro na mágica capela Sistina, no Vaticano. O pianista brasileiro Alvaro Siviero esteve ao lado de personalidades como o compositor italiano Ennio Morricone, o arquiteto americano Daniel Libeskind, o cantor Andrea Bocelli, o diretor de cinema britânico Peter Greenaway, a pianista canadense Angela Hewitt, o arquiteto suiço Mario Botta, o escultor Igos Mitoraj, o cineasta russo Andrei Tarkovsky e a escritora italiana Susanna Tamaro.

Bento XVI, brilhante intelectual e um apaixonado pela música, defendeu o papel da arte como instrumento redentor. “É preciso construir um novo humanismo”, disse o papa em discurso repleto de citações de personalidades como Dostoievski, Michelangelo e Herman Hesse. “Graças ao seu talento, vocês têm a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças”, sublinhou o pontífice.

Dostoieviski coloca nos lábios de Dimitri Karamazov uma certeira definição do drama humano tal como Bento XVI o vê: “A beleza é uma coisa terrível e espantosa. É o duelo do diabo e de Deus, sendo o coração humano o campo de batalha.” O papa também acredita que o mundo será salvo pela beleza.

Iniciativas, inúmeras, quase anônimas e cimentadas na força da solidariedade, comprovam o papel redentor da arte. Basta pensar, por exemplo, no magnífico trabalho de resgate social desenvolvido pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Favelas, frequentemente, ocupam a crônica policial. A música, no entanto, transportou Heliópolis para as páginas de cultura. O consagrado maestro da Orquestra Filarmônica de Israel, Zubin Mehta, vislumbrou em Heliópolis, uma imensa favela cravada no coração de São Paulo, um canteiro de talentos. Jovens, abandonados pelos governos e teoricamente predestinados para uma vida de crime, drogas, prostituição, miséria e dor, encontraram na música o passaporte para o resgate da dignidade e da esperança.

A beleza é revolucionária e transfomadora. Por isso, Bento XVI enfatizou que “uma função essencial da verdadeira beleza, já evidenciada por Platão, consiste em comunicar ao homem uma espécie de ‘choque’ que o faz sair de si mesmo, o arranca da resignação, da acomodação do cotidiano, e o faz até mesmo sofrer, como um dardo que o fere, mas precisamente por isso o ‘desperta’, abrindo-lhe novamente os olhos do coração e da mente, dando-lhe asas, impulsionando-o em direção ao alto”.

Jornais, frequentemente dominados pelo noticiário enfadonho do país oficial e pautados pela síndrome do negativismo, não tem “olhos de ver”. Iniciativas que merceriam manchetes sucumbem à força do declaratório. Reportagens brilhantes, iluminadoras de iniciativas que constroem o país real, morrem na burocracia de um jornalismo que se distancia da vida e, consequentemente, dos seus leitores. “Bad news are good news”. O mote, alardeado pelos militantes do jornalismo baixo-astral, tem produzido um excesso de matérias em lá menor. O negativismo gratuito é, sem dúvida, uma das deformações da nossa profissão. “O rabo abana o cachorro”. O comentário, frequentemente esgrimido em seminários e debates sobre a imprensa, esconde uma tentativa de ocultar algo que nos incomoda: nossa enorme incapacidade de trabalhar em tempos de normalidade.

Estou convencido de que boa parte da crise da imprensa pode ser explicada pelo seu desligamento da realidade, por sua orgulhosa incapacidade de ouvir o mundo real. Os anos de chumbo da ditadura foram os melhores aliados da mediocridade profissional. A luta contra o arbítrio escondeu limitações e carências. A censura, abominável e sempre burra, produziu poucos heróis verdadeiros, mas também gerou gênios de fachada. Quatro linhas de protesto, independentemente da qualidade objetiva da matéria, já eram suficientes para conferir um passaporte para a celebridade. A democracia, no entanto, tem o poder de derubar inúmeros mitos. A estabilidade conspira contra a manchete fácil.

“Quando nada acontece”, dizia Guimarães Rosa, “há um milagre que não estamos vendo”. O jornalista de talento sabe descobrir a grande matéria que se esconde no aparente lusco-fusco do dia-a-dia. O encontro do papa com os artistas, evento de grande importância, embora pouco divulgado pela mídia brasileira, suscita reflexões a respeito do nosso ofício. A arte, a beleza, a grandeza humana mereceriam maior destaque. A notícia positiva, tão verdadeira quanto a informação negativa, é uma supresa, quase um fato inusitado.

A mídia, argumentam os aguerridos defensores do jornalismo mundo-cão, retrata a vida como ela é. Teria, contudo, o cotidiano do brasileiro médio nada além de tamanhas e tão frequentes manifestações de violência e de tristeza? Penso que não. Há uma evidente compulsão para pinçar os aspectos negativos da realidade.

Por mais que a sociedade tenha mudado, tenho a certeza de que o pretenso realismo que se alardeia para sustentar o excesso de violência e mau gosto que, diariamente, desaba sobre leitores e telespectadores não retrata a realidade vivida pela maioria esmagadora da população. Na verdade, ainda há muita gente que cultua os valores éticos, os quais dão sentido e dignidade ao ato de viver. Ainda há pessoas que, diante do vizinho doente, correm a socorrê-lo; e sofrem por um criança abandonada; e estendem a mão a um amigo necessitado.

“Vocês são guardiães da beleza”, disse Bento XVI aos artistas. Nós, jornalistas, somos ou deveríamos ser, “guardiães da verdade”, pintores da vida. Uma vida que é feita de luzes e sombras. A denúncia do mal é um dever ético. Mas a beleza e a grandeza humana bem valem uma manchete.

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com) e colaborador deste blog. E-mail: difranco@iics.org.br